Após amargar perdas de até 42% da soja plantada na safra 2023/24, o agricultor sul-mato-grossense Alessandro Coelho, presidente do Sindicato Rural de Campo Grande, prepara-se para mais prejuízos com a safrinha de milho , que sofre com uma seca persistente no Estado.
“Foi um ano de chuvas escassas em toda a região Centro-Sul do Estado. Teve produtores com mais problemas, outros com menos, e agora, com o milho, vem se desenhando outro quadro negativo”, comenta Coelho.
Em áreas que foram replantadas devido à seca, os grãos de soja foram prejudicados pelo excesso de chuvas na colheita.
De acordo com dados do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), a maioria das propriedades rurais do Estado enfrentam seca entre severa e moderada, e apenas 5% do território sul-mato-grossense não enfrenta escassez hídrica.
Para os próximos dias, a previsão é de que a situação se agrave no Estado diante das altas temperaturas. Apesar do fim da influência do El Niño e início da La Niña, não há perspectiva de melhora na distribuição das chuvas no Estado.
“A previsão é de que a chuva só chegue a partir do próximo dia 24, o que deve causar problemas no enchimento de grãos, com certeza já desenhando um quadro de alta quebra de produtividade na segunda safra”, pontua o presidente do Sindicato Rural de Campo Grande.
Após os prejuízos registrados na safra de verão, o agricultor conta que desistiu de plantar milho safrinha nas áreas mais afetadas pela seca situadas nos arredores de Campo Grande. A opção foi por semear pastagem para cobrir o solo e apostar em culturas mais resistentes nas demais regiões como sorgo e milheto.
Com a perspectiva de piora da seca no Estado, a Agência Nacional das Águas (ANA) avalia a possibilidade de emitir uma Declaração de Escassez Hídrica em Mato Grosso do Sul, o que permitirá concessionárias de distribuição de água impor tarifas emergências para custear obras e serviços adicionais para enfrentar o problema
Segundo Nota Técnica que será submetida a avaliação da diretoria da ANA nos próximos dias, há risco para o abastecimento humano, para a navegação comercial no rio Paraguai, e de aumento de focos de queimadas na região durante o período seco.
Fonte: Globo Rural